domingo, janeiro 09, 2022

Regresso

Regresso a ti... 

Regresso a CASA.. 

 A este lar quente dos meus devaneios da mente.

Tinha saudades tuas e do modo aberto e desprendido, com que me deixavas nas tuas entranhas entrar.

Voltei a casa, ao aconchego, onde deito as minhas palavras, nesta tua cama, vestidas com lençóis de cetim.

Onde exponho o meu corpo, com o mesmo grau de bravura, com que dispo a minha dor.

Sem impor a mim mesma, qualquer limite ou barreira, à minha imaginação e à ousadia do meu ser.

Regresso a ti, de braços nus e violados, só para que o teu abraço, me penetre bem fundo.

O meu beijo


de língua de moça, também é teu.. 

Mural fresco e jovem, que eu quero beijar prolongadamente e recuperar o  romance do nosso tórrido passado .

Que bom que é, regressar a ti, minha alma acesa, tão pronta para  incendiar a folha de papel. 

Que curioso é ver-te aqui, plena de sentimentos 

e rebeldias, ainda tão visíveis nos rostos esculpidos em cada parede. 

Algumas, sei que já as derrubei, e não deixei nem o vestígio da sua primeira pedra. 

Alguém, disse-me um dia, que os passados, nascem com a certeza de que, mais tarde ou mais cedo, serão para serem enterrados. 

E os passados enterrados, têm ordem expressa do mundo, para morrerem longe de nós e felizes... E eles morrem, mas escolhem fazer a campa, bem no meio do nosso peito. Enterram-se num buraco bem fundo, para que aos olhos do mundo, pareçam apenas espaços vazios e inofensivos. 

Mas tu e eu, sabemos que isso é mentira.. E que os passados, mesmo em nós enterrados e esquecidos, ainda nos matam. São psicopatas do nosso coração, que nos alvejam as catacumbas da mente. E fazem-no sempre, pela calada da noite, para que os nossos olhos despertem. 

E os meus olhos despertaram, secos e cristalinos, como tu gostas. Vamos ver o mundo a partir daqui? Como fazíamos antes, com os olhos virados para a lua e a cabeça a viajar, tão distante. 


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